inesperado, no início de 2008, Mirror's Edge vinha ganhando um hype gigantesco, e muita gente criou expectativas imensas em relação a essa inovadora obra da Electronic Arts. Com seu lançamento oficial no dia 13 de novembro (diferença de até dois dias para mais ou para menos, dependendo do lugar), as prateleiras se esvaziaram quase que instantaneamente, por causa dessas mesmas expectativas. Porém, no final das contas, o jogo acabou prezando tanto na inovação que acabou pecando em leves aspectos, quase básicos.
Mirror's Edge coloca o jogador no papel de Fath, uma espécie de mensageira, que carrega informações sigilosas em pacotes não-marcados, enquanto ela e seus semelhantes são duramente caçados pela polícia de uma cidade tão segura que acabou se tornando apática e insensível às opressões das autoridades. A razão de tanto hype em cima do jogo era pelo seu visual dinâmico: usando das técnicas do esporte Parkour (inventado nos subúrbios da França), o jogo inteiro fica em visão de primeira pessoa, o que dá ao jogador a impressão de estar de fato realizando aquelas manobras sensacionais.
Para tanto nível de qualidade (de fato, muita qualidade nesse aspecto), seria necessário uma jogabilidade muito bem feita: nesse aspecto, a EA DICE não desapontou, pois os controles do jogo são simples, intuitivos e rapidamente você pega a manha deles. Como se não bastasse, o visual do jogo, pouco colorido, contribui para que a experiência trazida por Mirror's Edge seja algo fora do comum de tão satisfatório.
Infelizmente, nem tudo é perfeito: a variação dos cenários não agrada em nada. Seja correndo dentro do prédio ou no topo dele, a visão de jogo é sempre a mesma. Não tem aquelas mudanças de cenário, nenhuma alteração de clima, e a maior diferença a ser notada deve ser limitada em dois pontos: em duas fases, você corre pelos trilhos do metrô, enquanto reza para que um trem ultraveloz não acerte você pelas costas. O outro ponto fica em qualquer fase que seja ambientada à noite (três ou quatro, no máximo).
O sistema de combate corpo-a-corpo também não é dos melhores, deixando você na mão em certas partes onde ele é essencial para dar continuidade à aventura, que por sinal, é bastante curta. Em suma, tem um visual de certo modo atraente (embora os mais puristas provavelmente estranhem, mas sou orbigado a admitir: usar cel-shading nas animações foi uma grande jogada!), e tem um bom tom de inovação, mas deixou a desejar em aspectos tão básicos que fazem com que o jogador perca a vontade de parar a história simplesmente para correr por aí e brincar com os controles.
No fim, é seguro dizer que Mirror's Edge é, sim, um jogo sensacional, muito bom mesmo. Mas não dá para deixar de notar a ausência de dinamismo visual. Você logo saca que a essência do jogo é "Corre-corre-corre / Bate no guarda-corre-foge daquele monte de guarda-pula no outro prédio", o que acaba passando aquela sensação de mesmice e rotina.